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A música é uma das coisas que mais permeiam a nossa vida, seja em momentos alegres ou tristes elas estão lá (para apaziguar ou turbinar as nossas emoções). Muitas grávidas escutam determinadas músicas e quando seus bebês nascem eles parecem se acalmar ao ouvir essas canções (como se "lembrassem" da vida intra-uterina). Quem nunca terminou um relacionamento e aquela música que "era de vocês" passou a tocar em tudo quanto é lugar, aumentando a sua dor? E as músicas que nos identificamos (momentaneamente ou durante toda a vida) e precisamos cantar e/ou dançar loucamente quando tocam, entre outros...
Filmes e novelas provavelmente perderiam muito do seu brilho se não contassem com uma trilha sonora. É ela quem faz com que nos identifiquemos (ou não) com determinado personagem ou cena. Quem lembra da vontade de chorar (ou pelo menos de ficar com olhos marejados) quando tocava aquela música de tristeza do Chaves?
Talvez as músicas não sejam simplesmente músicas, elas podem indicar nossos próprios traços/personalidades, mensagens para aquele determinado momento de nossas vidas, meios de extravasar nossas emoções, etc...
“Desde a antiguidade a música era observada como um fator que faz bem para a saúde”. (OLIVEIRA; et al, 2012). Os egípcios acreditavam que a música era capaz de aumentar a fertilidade da mulher, enquanto os médicos e filósofos gregos encaravam a música como um benefício para a mente.
Na segunda metade do século XX músicos passaram a utilizar recursos musicais com intuito de proporcionar uma melhor recuperação dos que foram atingidos pela guerra nos EUA. “Essa experiência teve significativa influência sobre a percepção dos benefícios que a música pode causar. A partir dos resultados observados, ocorreu o avanço de pesquisas relacionadas à influência da música na saúde”. (OLIVEIRA; et al, 2012).
“A musicoterapia é a utilização da música e seus elementos para proporcionar melhores condições de saúde, sendo capaz de gerar benefícios físicos, psicológicos e sociais” (COSTA, 1989 apud OLIVEIRA; et al, 2012).
“A World Federation of Music Therapy define musicoterapia como a utilização da música e/ou dos elementos musicais (som, ritmo, melodia e harmonia) pelo musicoterapeuta e pelo cliente, de forma individual ou grupo, em um processo estruturado para facilitar e promover a comunicação, o relacionamento, a aprendizagem, a mobilização, a expressão e a organização (física, emocional, mental, social e cognitiva) para desenvolver potenciais e desenvolver ou recuperar funções do indivíduo de forma que ele possa alcançar melhor integração intra e interpessoal e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida” (WFMT, s/d apud OLIVEIRA; et al, 2012)
A terapia através da música é considerada não verbal e proporciona melhor qualidade de vida, aumento da autoestima, auxilia no tratamento de doenças, entre outros...
Durante um atendimento utilizando a musicoterapia, primeiro o profissional deve conhecer a Identidade Sonoro Musial (ISO) do seu cliente. Para Bebenzon (1988) citado por Oliveira e outros autores (2012) ISO “resume a noção de existência de um som ou um conjunto de sons ou o de fenômenos acústicos e de movimentos internos que caracterizam ou individualizam cada ser humano”.
"ISO quer dizer igual, e resume a noção da existência de um som, ou um conjunto de sons, ou fenômenos sonoros internos que nos caracteriza e nos individualiza. É um fenômeno de som e movimento interno que resume nossos arquétipos sonoros, nossas vivências sonoras gestacionais intra-uterinas e nossas vivências sonoras de nascimento e infantis até nossos dias”. (BENENZON, 1985 apud COSTA, 2008).
Apresentamos diversos ISO’s: o complementar (que é aquele que varia de acordo com nosso dia a dia), o grupal (que diz respeito a identidade sonora de um grupo ao qual fazemos parte ex: roqueiros, pagodeiros, sertanejos, etc), universal (que é aquele que não é alterado por nossa cultura, contexto social, etc) entre outros.
“Sabe-se que a música abrange as dimensões biológica, mental, emocional e espiritual do ser humano, de forma que o mecanismo de ação no controle da dor é muito grande. A música é capaz de induzir o relaxamento, liberar endorfinas e provocar distração, tudo isso ajudando na diminuição e no controle da dor. Além disso, a música é capaz de criar imagens mentais, criando um elo entre percepção, emoção e mudança corporal, sendo capaz de mudar o foco perceptual da dor”. (OLIVEIRA; et al, 2012).
“Basta ouvir aquela música preferida para que uma cascata de emoções positivas venha à tona, fazendo a gente reviver dez, cem, mil vezes uma situação prazerosa. Amplificações à parte, o que um estudo da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, acaba de provar e apresentar para a Associação Americana do Coração é que aquelas canções consideradas especiais para um indivíduo têm efeito direto sobre a saúde cardíaca”. (STRINGUETO, 2013).
“Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores resolveram medir, por meio de ultrassom, o diâmetro dos vasos sanguíneos no braço de dez voluntários saudáveis e não fumantes logo após uma sessão com suas músicas prediletas. Os participantes, no entanto, tiveram de se submeter a um jejum musical durante os 15 dias anteriores à medição, tudo para intensificar o impacto do estímulo sonoro na hora do experimento”. (STRINGUETO, 2013).
“No dia D, foi pedido a eles que levassem os hits que mais lhes causavam contentamento [...]. Depois de 30 minutos ao som das canções, os cientistas observaram um aumento de 26% no calibre dos vasos, um resultado bastante expressivo — para ter uma ideia, um vídeo com o mesmo tempo de duração e tiradas bem-humoradas provocaram uma dilatação de 19%” (STRINGUETO, 2013).
“O efeito benéfico da música começa a reverberar primeiro na massa cinzenta para, em seguida, se refletir no coração. ‘Ela aumenta a produção de endorfina e serotonina, substâncias produzidas no cérebro e responsáveis pela sensação de prazer, faz diminuir a liberação de cortisol, o hormônio do estresse, e, por fim, regula a frequência cardíaca’, diz Muszkat, que também é coordenador do In Music, grupo de cientistas da Unifesp que estuda a ação da música sobre o corpo” (STRINGUETO, 2013).
Há diversos estudos publicados em que as pessoas com dor crônica (considerada leve-moderada) eram submetidas a uma sessão de audição (elas ouviam um determinado repertório musical) mostraram que a intensidade da dor era reduzida após a sessão. Dessa forma, a necessidade do tratamento farmacológico torna-se menor, reduzindo também os gastos e aumentando a qualidade de vida do paciente.
“O corpo e a mente, pode começar a utilizá-la [a música] de forma consciente, escolhendo as músicas e letras que você considera apropriadas para determinadas situações, como estar sozinho em casa, praticar atividade física ou andar de carro. Vale ressaltar também a importância em escolher os ambientes frequentados, uma vez que sempre há música. Perceba se os lugares que você tem ido lhe agradam ou incomodam. Aí, então, preste mais atenção nas músicas tocadas. As letras de música tem igual importância! Comece a prestar atenção no que ouve e, mais ainda, naquilo que você repete, cantando. Selecione aquilo que te faz bem, te dá prazer! Se permita desfrutar de momentos tão únicos e que somente uma música pode oferecer”. (HERMES, 2013).
Enquanto escrevia esse post só pensei em uma música (e escutei várias vezes para me inspirar): Sing (The Carpenters)
"Cante, cante uma canção
Faça-a simples,
Para durar toda a sua vida
Não se preocupe, que ela não seja boa o bastante
Para os outros ouvirem
Apenas cante, cante uma canção"
Para quem não conhece a música, vale escutar:
ps: E se você não lembra da tal música do Chaves que falei, está aqui
Referências
COSTA; Clarice Moura. A constituição do sujeito, a música, a musicoterapia. In: Encontro Nacional de Pesquisa em Musicoterapia, 8., 2008, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro, 2008, p.1-8.
EREDIA, Talita. Música ajuda no processo da cirurgia: Seu uso terapêutico reduz a sensação dolorosa, melhora a recuperação e acaba com a ansiedade antes da operação. Revista Saúde. Disponível em: <http://saude.abril.com.br/edicoes/0360/medicina/musica-cirurgia-731526.shtml?origem=home>. Acesso em: 20 fev. 2013.
HERMES, Renata. Musicoterapia. Renata Hermes - Naturologia Aplicada. Disponível em:
<http://www.renatahermes.com.br/2012/04/musicoterapia/>. Acesso em: 19 fev. 2013.
OLIVEIRA, Gauber Correa. de; et al. A contribuição da musicoterapia na saúde do idoso. Cadernos UniFOA, n. 20, dez. 2012.
STRINGUETO, KÁTIA. Música para o coração: Ritmo, melodia e harmonia podem fazer o peito bater mais forte e feliz. Revista Saúde. Disponível em: <http://saude.abril.com.br/edicoes/0308/bem_estar/conteudo_422145.shtml>. Acesso em: 20 fev. 2013.
Texto publicado originalmente no Blog Sensibilittà em 25 de fevereiro de 2013 e reescrito aqui para o blog.
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